Uma
entrevista produtiva não garante a sua contratação, mas com certeza propicia
uma experiência extremamente útil para toda sua vida profissional, além de, é
claro, deixar uma imagem positiva junto a um provável empregador.
Deste modo,
encare toda entrevista, com qualquer tipo de profissional de qualquer nível
como uma oportunidade profissional real.
Não deixe que
seus preconceitos e temores interfiram na sua relação com seu entrevistador.
Mesmo que ele não pareça a pessoa indicada para entrevistá-lo, não assuma uma
postura de descaso. Todo profissional de uma empresa que o convida para uma
entrevista deve ser encarado como um representante legítimo dos interesses
daquela empresa e, portanto, deve ser tratado por você ética e
profissionalmente. Muitos candidatos perdem ótimas oportunidades por guardar seus
trunfos "para falar com alguém com maior poder de decisão".
Todo
entrevistador tem um poder de decisão no processo seletivo, ainda que seja
proporcional à sua situação na hierarquia da empresa. Isto não significa que
você precise conversar sobre complexos sistemas gerenciais e administrativos
com alguém que apenas tem o objetivo de fazer uma pré-seleção. Desenvolva a
entrevista em função do entrevistador e de seus limites, mas não o menospreze.
Como também não o superestime.
O fato de ser
entrevistado diretamente por um vice-presidente, por exemplo, também não pode
ser encarado de forma errada. Não é nem privilégio excessivo, nem uma
responsabilidade adicional, mas apenas a estratégia daquela empresa em
particular para o processo de seleção. Toda esta percepção é importante para o
desenvolvimento de um desempenho realmente produtivo e adequado aos objetivos
de cada entrevista.
Autopreparação
Participar da
entrevista de seleção não é difícil, mas também não é algo que possa
simplesmente ser encarado como "um trabalho a mais". É necessário que
você se prepare para ela, do mesmo modo como você se prepara para a
apresentação de um projeto ou a venda de uma idéia.
A maior parte
dos profissionais, depois de passarem algum tempo em uma empresa, acaba
desenvolvendo certos hábitos de postura e mesmo de vestuário, que nem sempre
são os mais adequados ao mercado no momento.
Avalie-se,
peça a opinião de pessoas próximas e procure melhorar, se for o caso. O que não
implica em trocar todo o seu guarda-roupa e entrar para uma escola de boas
maneiras, mas sim procurar "aparar as arestas".
Aquela
barriguinha que força o botão da camisa, a gravata por demais fora de moda, o
jeito meio relaxado de sentar e outras coisas menos aparentes, como uma
tendência em recostar na cadeira quando fala com alguém ou mesmo um certo tom
autoritário, podem pesar na avaliação de um entrevistador mais exigente e
perspicaz.
Aproveite
este momento de reavaliação para iniciar as mudanças pessoais que você vinha
protelando.
Sua aparência
deve ser impecável.
Procure
avaliar como você se comporta nos contatos profissionais e busque adequar sua
forma de relacionamento com outros profissionais.
Lembre-se: o
equilíbrio está em se sentir suficientemente a vontade sem perder de vista os
limites da entrevista. Além dessa análise, você precisa preparar-se
adequadamente para a entrevista, considerando as informações que lhe serão
cobradas a qualquer momento pelo entrevistador.
Vejamos então
o que você precisa fazer para se preparar bem nesse sentido.
Recupere seu
histórico profissional
Use seu
currículo como um roteiro e vá preenchendo-o (numa folha a parte) com todos os
dados expressivos que estejam ligados a cada um dos tópicos.
Procure
lembrar-se de todos os fatos e acontecimentos de sua vida profissional,
identificando sua participação neles e os resultados de suas ações.
Identifique
claramente como foram as transições (promoções, mudanças de área, de empresa,
de interesse etc.) e como você se saiu após sua consolidação.
Analise como
foi seu desenvolvimento profissional em cada uma das fases, identifique os
momentos em que seu amadurecimento profissional, seu aperfeiçoamento técnico ou
gerencial começaram a lhe render frutos, foram reconhecidos e ampliados.
Tente ser o
mais minucioso possível. Volte à vida escolar acadêmica, reveja suas conquistas
e dificuldades, relacione-as com seu momento atual, avalie seu progresso.
Identificação
dos pontos fortes e fracos
Detenha-se
nos pontos fracos e fortes igualmente.
Uma
experiência positiva tem o mesmo valor de uma negativa, se ambas forem usadas
para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Procure
identificar:
- por que
errou/acertou
- como você
era naquele momento
- qual a
interferência de suas ações para o erro/acerto
- qual o peso
de outros fatores
- como você
agiria hoje diante de uma situação semelhante
- o que faria
diferente, o que não mudaria
- quais
informações/experiências você tem hoje para agir de outra forma.
Delimitação
de perspectivas e expectativas:
Após ter
feito um levantamento extenso e profundo sobre seu passado profissional,
volte-se para o futuro.
Primeiro
procure identificar claramente quais são suas expectativas quanto a um cargo
novo, uma nova empresa, uma nova atividade, um novo desafio.
Depois
estabeleça suas preferências, seus limites, seus interesses, sua área de
eficácia, suas dificuldades práticas, suas deficiências teóricas, a necessidade
de atualização e reciclagem.
Com base
nessas duas análises avalie friamente suas perspectivas em termos do que você
conhece do mercado profissional (consulte pessoas próximas que possam
auxiliá-lo nesta visão do conjunto); avalie suas condições de competitividade,
sua disposição, sua garra. Mentalize positivamente: "Não sou
necessariamente o melhor, mas tenho condições de competir em igualdade com a
maioria". Reflita realisticamente: "Preciso melhorar em vários
pontos".
Pesquisa de
Mercado - Fundamente sua análise, buscando dados no mercado:
Leia todas as
colunas de anúncios classificados, as revistas de negócios, as publicações de
sua área, as análises econômicas, e outras informações pertinentes.
Converse com
as pessoas da área, visando levantar informações, esteja atento às novidades,
esteja ligado no mercado.
Some estas
informações com suas próprias análises e procure chegar a uma visão real do
mercado, das exigências mais comuns, das tendências e possibilidades.
Conclua,
comparando os resultados de todas as análises. Seja honesto com você mesmo, mas
não desenvolva autopiedade, auto-indulgência ou autoconfiança excessiva.
Estratégias e Comportamentos Prévios
Qualquer que
seja o tipo de entrevista ou o momento em que ela ocorra dentro do processo de
seleção, há algumas coisas básicas que serão úteis para o seu desempenho.
A. Sentindo o
ambiente
Antes de mais
nada, é necessário você sentir o ambiente. Isto significa que, a partir do
momento em que você está à disposição do entrevistador (na sala de espera,
ante-sala ou até mesmo na recepção), está em situação de entrevista, de
avaliação.
Assim,
procure observar o comportamento das pessoas da empresa, o tipo de relacionamento que há entre elas, a postura
dos profissionais durante o trabalho.
Quanto a
empresa em si, observe suas instalações, condições de trabalho, organização,
limpeza, enfim, a dinâmica e a estrutura que caracterizam a empresa.
Além disso, é
muito importante que você tenha em mente que a observação destes indicadores
poderá ser fundamental para sua avaliação da empresa e, claro, de seu interesse
em vir a trabalhar nela.
B. Empatia
Outra coisa
importante para a entrevista, e mesmo para sua vida profissional como um todo,
é o uso da empatia.
Ainda que
todo o mundo saiba que empatia é a capacidade humana de se colocar no lugar do
outro, e até mesmo tentar sentir as coisas como o outro sentiria, nem sempre é
fácil usá-la em situações nas quais nós nos vemos como a "parte
pressionada".
Em princípio,
na entrevista você não comparece para ser pressionado, mas sim conhecido e
analisado, portanto é possível usar sua capacidade de empatia.
Vá para a
entrevista tendo em mente que, ainda que o entrevistador não seja
suficientemente empático (e até mesmo antipático!), você deve se colocar no
lugar dele e tentar ver as coisas sob o ponto de vista dele, ou seja, ver com
os olhos da empresa o problema em questão: a contratação de um profissional.
Isto fica
fácil de entender se você imaginar uma situação na qual o entrevistador esteja
sob pressão para encontrar um candidato adequado às exigências da empresa (esta
pressão pode ser resultado tanto de uma emergência como de uma seleção errada
feita anteriormente, por exemplo).
Esta
circunstância pode refletir na condução da entrevista com você, fazendo com
que, por exemplo, ele seja extremamente ríspido nos seu questionamentos.
Se você (como
candidato interessado na vaga e no processo de entrevista) não fizer um esforço
para conciliar seus objetivos com a forma como o entrevistador se coloca,
inevitavelmente o resultado da entrevista ficará comprometido, e
conseqüentemente sua avaliação também.
Está claro
então que você - o entrevistado - também é responsável pelo desenvolvimento e o
resultado da entrevista.
Logo, não
basta chegar a uma entrevista disposto a "responder perguntas da melhor
forma possível". O bom candidato/entrevistado se caracteriza por uma
atuação no processo da entrevista que a conduza a resultados concretos ligados
aos objetivos de ambas as partes.
C.
Participação no "jogo"
O fato de o
candidato ser um participante ativo da entrevista não implica que ele assuma a
condução da entrevista como um todo.
A regra
fundamental é: participar do jogo proposto pelo entrevistador.
Ou,
"atuar de acordo com o diretor".
Muitos
candidatos acabam se prejudicando por querer conduzir o entrevistador apenas
para aquilo que eles acham importante que seja tratado na entrevista, chegando
até a assumir uma postura professoral ou paternal com o entrevistador.
Assim, ainda
que sua participação ativa seja importante, também é importante sua percepção
das necessidades reais do entrevistador e suas verdadeiras intenções em
desenvolver um ou outro tipo de entrevista.
Daí a
importância do candidato estar preparado e disposto a participar do jogo do
entrevistador, o que fica evidente quando, por exemplo, você é pressionado, já
que além da sua resposta há sempre uma expectativa quanto a sua reação à
pressão.
Comportamento durante a Entrevista
Há algumas
regras básicas de conduta que você deve ter durante a entrevista, não
importando de que tipo ou em que momento esteja acontecendo. Essas regras não
configuram um roteiro rígido, já que algumas das fases da entrevista poderão
não ser desenvolvidas, ou mesmo repetidas em outra ordem.
O que importa
aqui é sua postura de candidato diante do entrevistador, a relação que você
deve estabelecer com ele e a empresa.
A.Abra-se
A primeira
impressão pode não ser definitiva, mas ela é fundamental.
Entre para
entrevista aberto, pronto a "abraçar" seu entrevistador, a participar
com ele.
Procure
deixar de lado todas as suas concepções e conceitos prévios. Não coloque
barreiras ao entrevistador ou à entrevista.
Procure
demonstrar confiança e disposição. Elas se manifestam desde sua postura física
até seu tom de voz. Também o aperto de mão é muito importante. Desde que o
entrevistador estenda a mão dele!
Mão úmida é
sinal de nervosismo, portanto, você deve tentar se acalmar antes da entrevista.
Lembre-se: chegue sempre pelo menos com 15 minutos de antecedência para se
ambientar, se acalmar...
De qualquer
forma a maior parte dos entrevistadores sabe que a situação de entrevista gera
um pouco de nervosismo e, portanto, ele não se surpreenderá com a "mão
úmida".
Contudo,
também o modo como é dado o aperto de mão é importante: deve ser firme,
educado, sugerindo segurança e polidez.
Sente-se
apenas após a indicação ou o convite do entrevistador e assuma uma postura ao
mesmo tempo relaxada e contida.
Não cause a
impressão de uma estátua ou robô sentado. Lembre-se de como você se comporta
quando está na casa de alguém pela primeira vez. Esta postura social é
suficientemente adequada.
Todos estes
fatores são importantes, mas o mais importante neste momento em termos da
relação indivíduo/indivíduo é como você estabelece essa relação, em termos de
sua disposição interior.
Assim,
colocar o entrevistador num pedestal (o chamado efeito "terra de
gigantes", quando você se sente como um anão) ou mesmo considerá-lo
inferior (também conhecido por "subir nos saltos"), são posturas que
criarão inúmeras barreiras entre você e ele.
"Seja
objetivo e verdadeiro em suas ações".
Não importa
que tipo de pessoa ele seja, você deve assumir uma postura relacional que
possibilite a troca de informações, ou seja, uma postura profissional, de igual
para igual.
Lembre-se,
são dois profissionais selecionando. Você está escolhendo uma empresa e um
cargo, e o entrevistador está selecionando profissionais e perfis.
B. Perceba as
necessidades do entrevistador
Após os
momentos iniciais, a entrevista propriamente dita está em curso.
Cabe agora a
você participar dela como um elemento ativo. Primeiramente, nunca se limite a
ser um "respondedor de perguntas".
Suponha que
seu entrevistador inicie como uma pergunta tradicional do tipo: "Fale um
pouco de você".
O normal é
imaginar que ele queira saber alguma coisa sobre seu histórico profissional,
mas nada garante isso e mesmo que você imagine ser este o objetivo, de que
forma você deveria responder?
Tradicionalmente
o que se espera é um resumo de seu histórico recente e algumas informações
sobre seu perfil.
Mas você
também pode optar por fazer uma pergunta específica: "O Sr. gostaria que
eu falasse mais especificamente sobre minhas últimas realizações
profissionais?" pode ser uma forma de pedir um caminho para sua resposta,
ainda que aparentemente seja apenas uma pergunta em resposta a outra.
A essência
desta abordagem deve ser: "Diga por onde quer eu vá, que eu seguirei sua
orientação". Ou seja, ao mesmo tempo que você se coloca disposto a
responder as indagações do entrevistador, também se mostra preocupado em
objetivar suas respostas. Mas para tanto é preciso avaliar o estilo do
entrevistador, identificando se ele está aberto à questões.
Isto fica
fácil de entender se imaginarmos uma situação assim:
- após os
momentos iniciais o entrevistador fornece algumas informações sobre a
entrevista, os motivos de você ter sido chamado, algumas características da
empresa etc.
- a partir
destas informações ele faz alguma questão específica sobre algum aspecto de seu
currículo, por exemplo:
"Pelo
seu currículo, parece que você ainda não teve nenhuma experiência muito longa
com cargos gerenciais, não?
Como você
pretende desempenhar suas funções de gerente caso você venha a ser admitido por
nós? "
- você deve
procurar responder diretamente a questão, uma vez que já há dados suficientes
sobre as necessidades do entrevistador e da empresa e até mesmo sobre a linha
que ele pretende seguir.
C. Informe
bem
Esta fase
indica o momento (ou momentos) em que você deve transformar a relação de
entrevista numa fonte de informações sobre você
De modo que,
para cada pergunta, sua resposta deve conter uma informação que atenda
diretamente às necessidades do entrevistador, além de propiciar uma visão de
seu passado profissional.
A maior parte
dos candidatos, quando perguntados, costumam fazer longas explanações sobre os
assuntos.
Responda com
objetividade, clareza e precisão.
Por exemplo:
No meio de uma entrevista uma pergunta do tipo: "Quais são suas
prioridades pessoais?",normalmente deve ter sido gerada por uma soma de
informações que foram trocadas entre você e seu entrevistador, de modo que a
resposta não é simplesmente listar suas prioridades, mas sim relacioná-las
tanto ao que você já descreveu até aquele momento, quanto com as prováveis
necessidades inerentes ao cargo em questão.
Com este tipo
de atitude a entrevista deixa de ser simplesmente uma relação de
perguntador/respondedor para se transformar num diálogo mais rico e profundo de
cunho profissional.
Vejamos agora
que tipo de informações você precisa ter em mente e que serão importantes
durante a entrevista.
Há algumas
informações tradicionais (ou até mesmo óbvias) numa situação de entrevista. São
elas:
Dados
pessoais: estado civil, idade, endereço, família, interesses etc.
Formação:
nesse item estão incluídos desde seus cursos regulares até os treinamentos e
cursos especiais de que você tenha participado.
Sempre
ressalte a relação entre o que você estudou e o cargo pretendido.
Algumas
atividades ligadas diretamente ao tempo de sua formação também podem ser dados
importantes para uma melhor caracterização de seu perfil.
Coisas como
participação em grupos de trabalho, pesquisas científicas patrocinadas por
escola/universidade, participação política na universidade, desenvolvimento de
projetos etc. podem ser usadas em função de uma melhor caracterização de seu
histórico, tendo em mente sempre a questão da relação com o que você procura e
as necessidades do entrevistador, do cargo e da empresa.
Experiência
profissional: como já foi dito é importante fazer um resumo por escrito de toda
a sua vida profissional, identificando pontos positivos e negativos, conquistas
e revezes, erros e acertos, momentos produtivos e improdutivos, fases de
desenvolvimento e de estagnação etc.
Com estes
dados você terá condições de, quando questionado sobre algum aspecto, não só
responder à questão, como trazer exemplos de sua vida profissional anterior que
fundamentem sua resposta. Não se limite à resposta: exemplifique, cite fatos,
explique como você agiu, historie resultados e conseqüências de suas ações,
identifique as dificuldades, contextualize sua ação, enfim, torne a resposta
uma oportunidade de descrever fatos reais pelos quais você tenha passado na sua
vida profissional.
É importante
lembrar que os erros e fatos negativos também são indicadores de sua evolução.
Portanto, poderão ser cobrados pelo entrevistador e mesmo ser usados por você
como fator indicativo de sua evolução, já que a identificação de um erro
passado deve estar aliada à perspectiva de não cometê-lo no futuro.
Perspectivas:
pense seriamente sobre quais são as suas aspirações profissionais, como você
espera chegar lá, quais são seus planos a curto, médio e longo prazo, que expectativas
você tem com essa nova colocação, como você espera contribuir para a empresa
etc.
Todas estas
reflexões fundamentam a visão que seu entrevistador terá sobre que tipo de
profissional você será, se vier a trabalhar com ele. É importante estar atualizado,
mas ter consciência de suas deficiências necessidades de aperfeiçoamento e
reciclagem, e demonstrar esta disposição.
Também é
necessário demonstrar capacidade de integrar sua visão com a da empresa, ou
seja, demonstrar sua capacidade de adaptação e de trabalhar sob normas e
procedimentos resultantes de uma política organizacional.
Temas atuais:
identifique assuntos e temas, ligados ao universo do cargo que você busca, que
estão na ordem do dia.
Isto reflete
não só sua atualização, como também sua percepção profissional em termos mais
gerais. Analise as novas tendências de sua área (as publicações especializadas
e mesmo os jornais são boa fonte), as experiências em curso, o tipo de visão
profissional predominante bem como as questões econômicas, administrativas e
políticas que estão ligadas direta ou indiretamente à sua área.
Não tente ser
um "sabe tudo", mas também não vá para uma entrevista como se fosse
para uma aula. O bom profissional tem consciência de que sabe pouco, mas está
permanentemente buscando atualização.
D. Envolva
Nessa fase,
você deve procurar envolver o entrevistador com seu interesse, procurar dar a
ele motivos para pensar em você como um
profissional diferenciado.
As
informações que você levantou para a fase anterior são muito úteis também aqui,
pois se você não assumir um papel ativo, a entrevista pode limitar-se a uma
troca de informações de parte a parte.
Algumas
entrevistas podem ser concluídas após a fase de troca de informações, ou seja,
após o entrevistador ter ficado "satisfeito" com o que ele obteve de
você em termos de seu perfil geral, que inclui dados de sua formação e
experiência.
Contudo, você
não pode ficar satisfeito apenas com isso.
Você deve
mostrar mais, fornecer outros indicadores que o diferenciem como profissional,
envolvê-lo, enfim. O método para isto é formular uma questão que o qualifique.
Vejamos
alguns exemplos:
"Eu
estive lendo que a área de... tem feito poucos investimentos em novos
equipamentos. Qual é a política da empresa no momento?
Manter o
parque instalado e investir em recursos humanos?"
"Num
curso de... que fiz, falava-se muito em... Há alguma iniciativa neste sentido
aqui na empresa?"
"Como é
a política de treinamento da empresa?
Há algum tipo
de reciclagem periódica prevista para minha área?"
"O meu
cargo é novo ou irei substituir alguém? O cargo faz parte de alguma nova
estratégia da área/empresa? "
"A
política econômica do governo anda meio instável, não? Quais as estratégias da
empresa para driblar este problema?"
"Você
poderia me dizer quais são as principais diretrizes da minha área para o
próximo ano/semestre?
Quais as
expectativas quanto ao novo ocupante do cargo em relação a estas diretrizes?
"
Como você
pode perceber, estas questões podem ser aplicadas em qualquer entrevista e com
a maioria dos entrevistadores.
Por exemplo,
as quatro primeiras questões poderiam ser feitas a entrevistadores tanto na
área de recursos humanos da empresa, quanto da sua área específica de atuação.
As duas
últimas provavelmente seriam mais adequadas se fossem feitas à pessoa que irá
contratá-lo, por exemplo, ou alguém com conhecimento desses assuntos.
O importante
é que você utilize este espaço (se lhe for dado, claro!) da entrevista para se
mostrar de forma diferenciada, colocando-se "ao lado" do
entrevistador, como se você já fosse trabalhar com ele.
Nem sempre,
contudo, o entrevistador estará disposto a lhe conceder este espaço para o
aprofundamento da entrevista. Vários fatores podem condicionar tal atitude. Mas
qualquer que seja a reação dele, não desanime; sua tentativa terá valido a
pena.
Lembre-se
também de que, caso ele lhe conceda esta abertura, você deve aproveitá-la ao
máximo.
Daí a
importância de você ter em mente uma série de informações/questões que possam
ser trazidas ao diálogo num momento como este. Aquele cursinho que você fez no
ano anterior, o artigo que você leu na semana passada, a entrevista que você
viu na televisão ou até mesmo a discussão que você teve em casa, podem conter
elementos úteis relacionados com a colocação que você busca ou o próprio
contexto da entrevista.
O que não se
pode perder de vista é que sua relação com o entrevistador precisa ser mantida
em termos profissionais e norteada pelo seu interesse e pelas necessidades
dele.
E. Supere
Superar os
obstáculos criados por você mesmo, pelo entrevistador ou pela própria situação
da entrevista; é um procedimento fundamental em qualquer momento da entrevista.
Mas, se ela chegou até aqui passando pelas demais fases descritas
anteriormente, um obstáculo adquire um novo significado.
Portanto,
nunca diga "não" ao entrevistador.
Dizer
"não" neste contexto significa negar a posição ou opinião dele ou se
negar a discutir algum aspecto ligado ao cargo.
Estratégica e
diplomaticamente, permita que o entrevistador manifeste suas opiniões por mais absurdas
que elas lhe pareçam.
Não se
contraponha a elas simplesmente, admita-as como possíveis, mas não se furte de
dar a sua opinião, inclusive questionando-as se for o caso.
Também não se
negue a discutir qualquer aspecto teórico ou prático do seu trabalho: mostre-se
flexível, o que não significa abrir mão de seus interesses e princípios.
Quando se
tratar de um obstáculo criado por alguma intervenção por parte do entrevistador
e que diz respeito a aspectos pessoais ou éticos, não reaja emocionalmente. Procure
analisar a questão e responder com base em seus valores, sem contudo parecer um
"pregador".
Afirme seu
ponto de vista cuidadosamente, mas seja suficientemente flexível para admitir
outros pontos de vista, principalmente aquele expresso pelo entrevistador.
Mas vejamos
que tipos de intervenções ou perguntas podem criar este tipo de situação:
- "Você
mudaria para Manaus para conseguir este cargo?"
Se não está
nos seus planos, diga, mas não se negue a discutir a possibilidade, levantando questões sobre as
condições (não só financeiras) para tanto.
"Você
admitiria fazer um controle financeiro paralelo? "
Expresse sua
opinião de modo flexível, mas baseado nos seus princípios; não barganhe para
conseguir o cargo.
"Você
não acha que está sendo pretensioso? "
Provavelmente
você se expressou de forma inadequada ao menos sob a ótica do entrevistador,
considere a possibilidade e se mostre disposto a rever suas opiniões.
"Infelizmente,
parece que você está acima de nossas necessidades; suas qualificações são
excessivas e me causarão problemas".
Procure
demonstrar sua adaptabilidade e suas deficiências e necessidades de
aperfeiçoamento. Não deixe uma impressão supervalorizada.
Traga
elementos que reforcem a possibilidade de seu aproveitamento, a sua disposição
em organizar treinamentos, por exemplo.
"Você me
parece pouco religioso. A empresa dá preferência a profissionais que tenham
vida religiosa praticante".
Traga o foco
para o profissional, não se predisponha a mudar ou vestir o "hábito",
mas não se coloque como um "ateu fanático".
Estes são
apenas alguns exemplos.
O importante
é que você tenha em mente a necessidade de superar obstáculos de modo
produtivo.
F. Conclua
Se a
entrevista deve ser encarada como uma relação profissional, você deve se
preocupar com a sua conclusão. Feche um ciclo definido. Este ciclo varia de
entrevista para entrevista, já que um primeiro contato pode ser concluído muito
mais rapidamente do que uma segunda entrevista, por exemplo.
O importante
é que você tenha em mente os limites do entrevistador, e os limites que ele
criou para aquela entrevista em particular. Se você desenvolveu uma relação com
ele durante a entrevista, será fácil identificar os limites impostos.
Lembre-se de
não desconsiderar a presença do entrevistador: muitos candidatos esquecem que
estão falando para alguém e se perdem em divagações e ilações inúteis ao
processo.
Se a
entrevista propiciou o desenvolvimento de temas mais profundos, a probabilidade
de que você se empolgue é maior ainda. Assim, não perca de vista que o objetivo
é ser adequado aos olhos do entrevistador.
Como as
entrevistas habitualmente costumam durar em torno de uma hora, controle o tempo
para que você tenha uma dimensão do ponto em que a entrevista está.
Se perceber
que ela se encaminha para o final (e você deve perceber !) procure
comprometer-se com o processo. "Este nosso contato está sendo muito
produtivo e interessante, espero poder voltar a conversar com você", é uma
boa forma de mostrar ao entrevistador seu interesse quanto ao cargo, à entrevista
em si e ao restante do processo de seleção.
Caso o
entrevistador dê espaço, e se nada houver sido dito antes, questione-o quanto
ao resto do processo, não de forma incisiva, mas demonstrando-se entusiasmado e
interessado.
Finalmente,
espere pela indicação dele de que a entrevista está concluída e preocupe-se em
deixar uma imagem final tão ou mais positiva do que aquela que você criou no
início.
Agradecer
pela oportunidade e a atenção é uma forma ao mesmo tempo profissional e gentil
de se despedir, e pode até mesmo incluir o tradicional "espero que
possamos voltar a conversar..."
EM RESUMO
§
Prepare-se
adequadamente para a entrevista.
§
Sinta o
ambiente, observe atentamente e "sintonize-se".
§
Seja
empático e ativo.
§
Deixe o
entrevistador estabelecer as regras do jogo da entrevista.
§
Adote
uma postura aberta, espontânea e tenha atitudes positivas.
§
Procure
descobrir as expectativas do entrevistador.
§
Dê
informações adequadas ao entrevistador.
§
Cuide do
conteúdo da entrevista.
§
Busque
superar os obstáculos para que a entrevista flua produtivamente